A Adolescência é uma etapa do desenvolvimento humano, marcado por diversas transformações corporais, hormonais e até mesmo comportamentais. Os jovens apresentam mudanças profundas nas suas relações sociais, requerendo muitas vezes um tempo de isolamento e afastamento com a família e de aumento de proximidade com os pares / grupo de amigos. Estas relações revelam se de extrema importância para a exploração do mundo e na construção da identidade do jovem, essenciais para a sua vida individual.
A família é sentida como autoritária e o jovem cria alguma resistência nas atividades familiares, criando alguma distância dos pais. A adolescência é como uma fase de transição entre a infância e o mundo adulto, o distanciamento do jovem e mesmo uma certa rebeldia pode ser positiva para o desenvolvimento do adolescente, para a sua evolução, maturação, no seu processo de transmutação na progressão para a vida adulta.
Muitos pais têm dificuldade em aceitar esta situação, sendo intolerantes e extremamente rígidos na imposição de regras e limites, não cedendo e não permitindo a negociação com o jovem, o que leva a um afastamento e quebra de confiança nesta relação. Que pode originar a um afastamento do jovem durante alguns anos, muitas discussões, alguns comportamentos por pura contradição.
Os adolescentes adotam os valores, as atitudes, os estilos de roupa e a linguagem dos seus pares. Por vezes a influência dos pares opõem se à posição dos pais, resultando em conflitos dolorosos, que envolve uma grande gestão e capacidade de adaptação à dinâmica familiar e capacidade de negociação e cedências por parte dos jovens e dos seus pais.
A adolescência é sempre uma década de transição: de muitas mudanças e desafios. Mas, nem todos os jovens manifestam conflitos com os pais ou consigo próprios. Esta fase de mudanças e conflitos ocorre devido às transformações do corpo e psicológicas vividas.
Onde nasce a curiosidade, o questionar, a vontade de conhecer, de experimentar o novo mesmo sabendo dos seus riscos, e um sentimento de automatização, de ser capaz de tomar as suas próprias decisões.
Na dinâmica familiar é fundamental a compreensão e a aceitação, permitir ao jovem ter uma personalidade, formar a sua identidade, experimentar, errar, essa aceitação e tolerância com o jovem vai permitir que ele confie no mundo e nos adultos, tornando-se consciente dos seus próprios atos e suas consequências.
A família é a instituição que influencia e é influenciada. Desde o nascimento, o crescimento e as relações que cada jovem estabelece com outras pessoas existe sempre uma interferência, mesmo que pequena, da família. É como se houvesse uma interdependência que se estende ao convívio social, este período é caracterizado pela necessidade de sentimento de pertença e aceitação por um grupo.
Na família isso também acontece, por mais desafiante que seja a fase em que o jovem se encontre, ele tem uma extrema necessidade de ser aceite e de pertencer, mesmo não o verbalizando e os seus comportamentos demonstrando o oposto. Na maioria das vezes as brigas e discussões são chamadas de atenção na procura de afecto e de serem cuidados. Durante a vida escolar, principalmente no ensino secundário, os alunos têm um objectivo maior: a escolha de uma profissão. Alguns crescem muito decididos, mas muitos, encontram-se muito inseguros e sem direcção. Para a Construção da Identidade do Jovem é preciso então parar e pensar no que se tem feito de forma diferente, para que isso aconteça acreditamos que o caminho está no desenvolvimento do jovem e na sua preparação e no compromisso com qualidade. Então, é preciso investir no auto conhecimento dos jovens, conhecerem se melhor e abrirem a consciência para si e para o outro, o despertar para o seu sonho e para o que os move.
Os pais têm um papel fundamental nesta fase, encaminhando, orientando mas, não condicionando as suas escolhas, respeitando as suas dúvidas, interrogações e o seu tempo. Todo o processo deverá ser de total decisão do jovem, alinhado com os seus talentos e as suas paixões.
Para uma sociedade mais equilibrada e feliz, é essencial o estímulo da criatividade, a humildade e da construção dos valores humanos.
Andreia Estarreja
Psicólologa